Roscos águas Vivas 2023
Eixo III – Promoção do envelhecimento ativo e apoio à população idosa
Ação 9 – Ações de combate à solidão e ao isolamento – “Cuntos de la mie tierra”
Águas-Vivas, Miranda do Douro, 14 de fevereiro 2023, fim da tarde.
Sem contar com todo o tempo de preparação, recolha de lenha para os fornos, organização dos ingredientes, a população dá início a mais uma jornada de devoção a Nossa Senhora das Candeias e de dedicação à sua aldeia, mantendo viva e popular a sua festa. Isso acontece através da preparação e confeção dos Roscos, bolos deliciosos e afamados por estas bandas (e não só), essenciais para a construção dos Ramos. Mas já lá vamos.
Com os participantes juntos na antiga Casa do Povo da Aldeia, prepara-se a massa para os acima citados Roscos.
Uma autêntica cadeia de produção liga ovos, açúcar, leite, azeite, manteiga e farinha. O fermento vai fazer crescer, o aniz aromatizar. A combinação fica para quem sabe, não é segredo, mas a entrega de quem a põe a mexer dá-lhe outro gosto.
São horas à volta de um fogão, a partir ovos um a um, a misturar os ingredientes. E a batê-los com a força de braços. Está muito esforço aqui oferecido, partilhado ainda por várias pessoas, querem-se mais, mas o receio da tradição se perder também está presente. Águas-Vivas enferma das mesmas dificuldades que outras aldeias do Concelho, do Distrito, do interior de Portugal. Dependesse o país de equilíbrio no investimento e atenção para se manter à tona e já há muito tinha virado…
Mas com resistência se mantém viva esta tradição.
Tudo terá começado durante a I Guerra Mundial, quando as famílias de um grupo de 5 filhos da terra prometeu a oferta de um ramo de flores a Nossa Senhora das Candeias caso sobrevivessem ao conflito e regressassem sãos e salvos a casa. Assim aconteceu e deu-se início a uma tradição que perdura até aos dias de hoje e que muito orgulha os nascidos e os que residem em Águas-Vivas. Proua, assim se diz.
Assim, e com as variantes próprias do passar do tempo, hoje em dia os ramos são feitos a partir da massa elaborada para os Roscos. Trabalhada pelas mãos hábeis da população, ganham a forma de 5 ramos colocados num andor, com um deles mais proeminente em tamanho e a exigir maiores cuidados na sua elaboração. A fragilidade do material a isso obriga.
Esta oferta a Nossa Senhora das Candeias é depois exposta na igreja da aldeia, participando na celebração religiosa e procissão que se segue.
Faz parte de diversos leilões efetuados ao longo do dia, que mais do que o leilão em si, representam sobretudo a vontade de manter esta tradição, angariando fundos para desde logo garantir a sua continuidade.
É um motivo de orgulho para todos. É um exemplo de tenacidade e de entrega a uma causa e devoção.
Muito obrigado a todos.
Uma nota de agradecimento aos Galandum Galundaina por uma vez mais nos autorizarem a colocar canções por si interpretadas nos nossos vídeos.
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